Em Amiens, campo de morte de duas guerras mundiais, Brigitte e Emmanuel Macron derrotaram resistências a um amor singular. Marcharam juntos na “batalha pelo Eliseu”, porque a vitória presidencial foi uma ambição a dois. (Ler mais | Read more…)

Brigitte e Emmanuel, no dia em que ele chegou ao Eliseu para suceder a François Hollande
© The New York Times
Um banqueiro, para Emmanuel Macron, “é uma espécie de prostituta [cujo] trabalho é seduzir”. Estas palavras, ditas ao Wall Street Journal em 2015, para descrever a sua passagem pela holding financeira Rotschild & Cie, desagradaram à sua mulher, Brigitte.
“Isso não foi simpático”, reprovou Bibi, num encontro de amigos. “Tem razão, não foi simpático para os banqueiros”, aquiesceu Manu. “Não, não foi simpático para as prostitutas!”, frisou ela.
Esta crítica, citada pela revista L’Express um ano antes de Emmanuel Macron lançar o movimento En Marche! (Em Marcha) e se candidatar às presidenciais francesas, que ganhou a 7 de Maio, ajuda a perceber a promessa dele: “Quando eu for eleito – desculpem, quando formos eleitos – ela estará lá, com um papel e um lugar.”
“Nem conselheira política nem eminência parda, ela é os olhos e os ouvidos dele para compreender a sociedade”, escrevem Caroline Derrien e Candice Nedelec na biografia Les Macron. “Ela é a sua bússola. Ele é o seu ponto cardeal.”
“Brigitte desempenhará um papel público”, assegurou Macron à TF1. “Não será remunerada pelos contribuintes, porque eu nunca faria isso. Mas terá uma existência, uma voz, um olhar. Será ela a determinar o que pretende ser.” Porque a conquista do poder, como observou o diário Le Monde, foi uma ambição “travada a dois”.
Em reuniões estratégicas, ela foi muitas vezes a estratega das reuniões. “Humanizou um candidato considerado ora muito frouxo, ora demasiado rígido”. Ela, mulher influente, permitiu “vender a imagem de um homem moderno que quebra tabus”.
[Am Agosto, depois de uma petição contra a atribuição do título oficial de “primeira dama”, o Eliseu publicou uma “carta de transparência” – a primeira na história da V República -, clarificando o papel – e os moldes em que este será desempenhado (“sem remuneração, orçamento ou custos de representação”) – da cônjuge do chefe de Estado.
[“Não se trata de um estatuto jurídico mas de um compromisso, que só é válido para Brigitte Macron e durante o mandato de Emmanuel Macron”, não vinculando futuros presidentes e suas mulheres.
Caberá a Brigitte, por exemplo,”representar a França, ao lado do marido, no estrangeiro”; participar em acções nacionais e internacionais, designadamente em campanhas contra as alterações climáticas ou a violência doméstica; ser “elo de ligação com a sociedade civil” em domínios como a educação, a saúde, a cultura, a protecção da infância e a igualdade entre homens e mulheres.]
Emmanuel Macron, o centrista independente, defensor do “sonho europeu”, arrebatou 66,1% dos votos. Travou, temporariamente, a ascensão de Marine Le Pen, “porta-voz do medo”, que obteve 33,9% num escrutínio com 25,4% de abstenção – a maior desde 1969 – e um número sem precedentes de votos nulos e em branco (8%). [Após a vitória, ele demitiu-se do En Marche!, confiando a liderança interina a Catherine Barbaroux, de 68 anos, 40 dos quais como activista de esquerda.]
A UE, receosa que ao Brexit se seguisse um Frexit, respirou de alívio, mas a líder da extrema-direita conseguiu 10,6 milhões de votos [duas vezes mais do que o seu pai, Jean-Marie, que recebera 5,5 milhões em 2002, e o maior número obtido pela FN desde a sua fundação]. É sinal de que o populismo, racista e xenófobo, não está em declínio em França.
Emmanuel – que, em hebraico, quer dizer “filho de Deus” (os pais, Jean-Michel e Françoise Noguès, não eram religiosos – foi ele que pediu para ser baptizado aos 12 anos –, mas deram-lhe este nome porque tinham perdido uma filha) – será o mais jovem Presidente de França, depois de Napoleão Bonaparte (em 1848).
Completará 40 anos em Dezembro. E a sua idade, ou melhor “o fosso geracional” que o “separa” de Brigitte Marie-Claude, de 64, faz parte de uma história de amor singular. Primeiro quase clandestina, depois orgulhosamente assumida, como um trunfo, “não uma transgressão”.
Tudo começou em Amiens, um sangrento campo de batalha na primeira (1918) e na segunda guerra mundiais (1940 e 1944), hoje uma cidade idílica, 120 quilómetros a norte de Paris.

Bibi e Manu, em 2016, no primeiro comício do En Marche! (Em Marcha), o movimento que levou Macron à Presidência
© closermag.fr
Brigitte Marie-Claude, a última dos seis filhos de Jean e Simone Trogneux, foi a única a nascer em tempo de paz, a 13 de Abril de 1953. O pai tinha 44 anos e o irmão mais velho 20. Era uma rapariga sociável mas também solitária.
A família ganhou fama e riqueza no fabrico de chocolates, desde 1872, sobretudo graças a uma especialidade regional – o macaron. O hipercalórico doce de amêndoa, mel e claras de ovos chegou a França trazido de Itália, no século XVI, por Catarina de Médicis, a rainha que Henrique II trocou pela cortesã Diane de Poitiers, “uns 20 anos mais velha do que ele”.
Brigitte não queria ficar ligada ao negócio familiar. Trabalhar atrás de um balcão contrariava os sonhos de uma apaixonada pelas heroínas da literatura francesa.
Sossegou quando o irmão Jean-Claude herdou a empresa. Não cedeu também à tradição de se casar com um dos membros da burguesia local. Escolheu para marido um banqueiro parisiense nascido nos Camarões, André Auzière. Talvez para escapar à monotonia da província.
Conheceram-se numa das festas que frequentavam e onde ela chamava a atenção, dançando em mini-saia e saltos altos, ao som de John Lee Hooker. Ninguém imaginaria, vendo-a assim, “uma adolescente angustiada, que via a morte por toda a parte, como Maupassant”, sua obsessão literária, referem as autoras de Les Macron.
André e Brigitte selaram a união em 1974, ela com 21 anos e ele com 23. Tiveram três filhos: Sébastien (engenheiro), Laurence (cardiologista) e Tiphaine (advogada), que lhes dariam sete netos.
Laurence viu a luz do dia no mesmo ano, 1977, em que o casal Macron festejava o nascimento de Emmanuel Jean-Michel Frédéric. De origens humildes, não eram “burgueses estabelecidos” como os Trogneux, mas frequentavam Henriville, o mesmo “bairro chique” dos Auzière.

Emmanuel e Brigitte, em Abril de 2017, felizes por ele liderar a primeira volta das presidenciais
© Paris Match
Foi em La Providence (“La Pro”), escola fundada e dirigida pelos jesuítas, que Emmanuel Macron cativou a atenção de Brigitte. Ela ensinava francês e latim. Ele nunca foi seu aluno, ao contrário do que muitos afirmaram. Foi Laurence quem alertou a mãe para um colega “louco que sabe tudo sobre tudo”.
Este “génio”, extrovertido e eloquente, de quem já todos falavam, cabelos louros e olhos azuis, não queria seguir, tal como Brigitte, as pisadas da família. O pai, a mãe, o irmão e a irmã são médicos. Livros, música e teatro são paixões de Emmanuel.
Super Mario e as consolas Nintendo, recém-chegados a França, não o deslumbravam, mas sim as conversas com Germaine, que visitava aos fins-de-semana. Venerava e admirava a avó materna, que quebrara um ciclo de analfabetismo para ser professora e dirigir um colégio.
Quanto a Brigitte, que animava o grupo de teatro do liceu, ficou rendida quando viu Emmanuel representar uma adaptação de Jacques e o seu Amo, obra que o checo Milan Kundera escreveu após a invasão soviética de Praga.
Mais tarde, ambos reescreveriam A Arte da Comédia, do italiano Eduardo De Filippo, para que “houvesse mais personagens, sobretudo femininas”. Foi por esta altura, quando os ensaios quebravam as barreiras físicas, que despertou “uma paixão atípica”.
Bibi confessou às biógrafas: “Fiquei subjugada, de início, pela sua inteligência; apercebi-me, depois, que esta relação intelectual evoluía para uma relação mais afectiva. Eu sabia que ele era o homem da minha vida, mas era um amor impossível.”
Ela tinha 39 anos e ele 15-16. Ela não queria exacerbar “o escândalo” que já abalava Amiens, e desencorajou um “romance proibido”, que a poderia levar à prisão se os pais dele tivessem apresentado queixa à Polícia.
“Insolente e audaz”, Manu disse a Bibi: “Não se livrará de mim, voltarei para nos casarmos.”

O casal celebra a vitória de Emmanuel, a 7 de Maio, na esplanada do Louvre
© Thibault Camus | AP | SIPA
Encorajado por Brigitte e pressionado pelos pais, Emmanuel mudou-se para Paris, onde concluiu o secundário no prestigiado Liceu Henrique IV. Seguiu-se uma licenciatura em Filosofia na Universidade Science Po (seria assistente do grande filósofo Paul Ricoeur). Foi admitido na École Nationale d’Administration (ENA), berço das elites do Estado, e entrou na Inspecção-Geral de Finanças, por onde passam os mais altos quadros da função pública.
Porque iria, finalmente, ganhar um salário, repetiu o pedido de casamento a Brigitte. “Há dez anos que ele a tentava convencer de que não tinham o direito de renunciar a ser felizes.” E Bibi reconheceu que “não podia desperdiçar a vida.”
Em Maio de 2005, Brigitte separou-se de André Auzière, que saiu de cena discretamente. No início de 2006, divorciaram-se. Bibi instalou-se em Paris e foi dar aulas no Liceu Saint-Louis-de-Gonzague, outra escola administrada pelos jesuítas.
Em Outubro de 2007, Emmanuel e Brigitte casaram-se. Os Trogneux e os Macron “enterraram os machados de guerra”.
No dia do matrimónio, um emocionado Manu agradeceu aos filhos e netos de Bibi terem aceitado “este amor fora do comum”. Todos brindaram ao sucesso da família recomposta. Todos trabalharam em conjunto para a “ascensão meteórica” daquele que se define como “pai e avô por procuração”.
“A verdadeira coragem foi dela [Brigitte]”, sublinha Macron na autobiografia Révolution. “Ela tinha um marido e três filhos. Eu era apenas um estudante e nada mais. Ela não me amou pelo conforto ou segurança que eu lhe pudesse oferecer. Ela renunciou a tudo por mim.”
Um anos após o casamento, Emmanuel foi contratado pelo banco de investimento Rotschild. Subiu ao topo da hierarquia. Recebeu salários e bónus de 2,8 milhões de euros (antes de impostos). Saiu em 2012, dizendo que “o dinheiro deve ser apenas um instrumento de liberdade e nada mais.”
Pela mão de François Hollande, recém-eleito Presidente, Macron chegou a secretário-geral-adjunto do Eliseu em 2012. Dois anos depois, aceitou chefiar a pasta da Economia no Governo de Manuel Valls. Aderira ao PS mas nunca pagou quotas que o amarrassem como militante. Deixou claro que era “um ministro de esquerda, mas não socialista”.

Laurence Auzière, filha de Brigitte, o companheiro, Guillaume Jourdan, e os filhos, Thomas e Emma, no dia da tomada de posse de Emmanuel Macron
© Elle

Sébastien Auzière, filho mais velho de Brigitte, a mulher, Christelle, e os filhos, Camille e Paul
© courrier-picard.fr

Os pais de Macron, Jean-Michel (à esq.) e Françoise Noguès, reencontraram-se para festejar a vitória do filho depois de se divorciarem em 2010. Convencidos de que Emmanuel gostava de Tiphaine, não aceitaram bem, de início, a relação dele com Brigitte
© Elle
Bibi teve dúvidas quanto à entrada do marido no “mundo implacável” da política. Seriam dois anos duros em Bercy, sede do ministério. A controversa “lei Macron”, com que o ex-conselheiro económico de Hollande tentou retirar a França da crise, foi mais polémica do que consensual.
Fez progredir ligeiramente o PIB, mas não abrandou o desemprego. Multiplicaram-se os protestos às propostas de alteração do Código de Trabalho. Acusaram-no de ser “representante da oligarquia”.
Os que, para a segunda volta das presidenciais, apelaram a “votar maciçamente” em Emmanuel, um deles o respeitadíssimo economista Thomas Piketty, autor de O Capital no Século XXI, deixaram claro que o faziam para impedir que a soberanista Marine Le Pen chegasse ao poder – não por admirarem o programa ultraliberal de Macron. A sua vitória não é a celebração da globalização.
Ele reconheceu “a cólera, a ansiedade, a dúvida que muitos exprimiram”. Prometeu lutar “com todas as forças contra a divisão”.
Emmanuel e Brigitte tinham decidido que “não se exibiriam mas também não se esconderiam”. Só em 2015, num jantar em honra dos reis de Espanha, já Bibi se reformara do ensino, aos 62 anos, é que o casal Macron ganharia visibilidade mediática.
Um teste difícil surgiu com o rumor (suposta “manobra russa”) de que Emmanuel era amante de Mathieu Gallet, presidente da Radio France. Macron deu várias entrevistas em que lamentava a dor causada a Brigitte.
À revista gay Têtu, reagiu severamente: “Por detrás desta alegação há duas coisas odiosas: dizerem que um homem só pode viver com uma mulher mais velha se for homossexual ou gigolô. Isso é misoginia. Se eu fosse homossexual, assumiria e viveria como tal.”

Brigitte e Emmanuel votam na câmara municipal de Touquet, área da residência familiar, na primeira volta das legislativas, em Junho
© Christophe Petit Tousson | AFP | Paris Match
Em 2016, Emmanuel demitiu-se para lançar o seu movimento, em Abril. Brigitte estava na primeira linha, tal como estaria quando ele anunciou a candidatura a sucessor de Hollande, a 16 de Novembro.
Acompanhou-o em todos os grandes eventos da campanha. Sempre elegante nos seus fatos Louis Vuitton, subia ao pódio nos comícios e beijava-o na boca. Não se limitou a ser um “apoio moral”. É sua aliada. A apoiante mais fiel.
Ela relia e revia todo os discursos. Não poupava críticas, recomendando-lhe clareza na mensagem: “Para os outros o entenderem, precisa de perceber o que está a dizer”. Foi também com as poupanças e o património imobiliário dela que o casal enfrentou o esforço financeiro da aventura presidencial.
O escritor Philippe Besson, amigo pessoal, fez na revista VSD um retrato inédito de Brigitte e como ela lida com o facto de ser mais velha do que Emmanuel. “A relação deles não segue o padrão habitual. Ela tem essa consciência. (…) Toda a gente está sempre a lembrar-lhe que é mais velha do que o marido. E ela detesta disso.”
“Sofre, naturalmente, com a zombaria, que aumentou porque se tornou numa celebridade. Estão sempre a falar da diferença de idades. O que se aceita num homem [como Donald Trump, casado com Melanie, 24 anos mais nova], por exemplo, nega-se a uma mulher. E o seu lado feminista vem ao de cima: ‘É uma injustiça que me enfurece.’”
“O duo Brigitte/Emmanuel é de uma solidez a toda a prova”, observou a biógrafa Candice Nedelec. “Eles vivem dez décadas de uma união excepcional como um combate e uma prova de que é possível abalar a ordem estabelecida e vencer.”
Agora, após uma vitória que era inimaginável quando, um novato do sistema, iniciou uma marcha “anti-sistema” contra pesos-pesados, como François Fillon, o oitavo Presidente da V República de França pode citar Arthur Rimbaud, um dos seus poetas favoritos:
(…) Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien / Par la Nature – heureux comme avec une femme.
(In: Sensátion)

No dia da tomada de posse do Presidente, a 14 de Maio, no Palácio do Eliseu
© Paris Match
Casais presidenciais
O que há de comum entre Yvonne de Gaulle, Anne-Aymone Giscard D’Estaing, Claude Pompidou, Danielle Mitterrand, Bernadette Chirac, Cécilia Sarkozy, Carla Bruni e Valérie Trierweiler?, perguntou Le Figaro a Robert Schneider, autor do livro Premières Dames.
“São oito mulheres distintas, que pertencem a gerações, culturas e meios sociais diferentes”, respondeu Schneider. “Não há qualquer semelhança entre a católica puritana Yvonne de Gaulle e a petulante Carla Bruni. Nem entre Anne-Aymone, filha de uma princesa, e Valérie Trierweiler, filha de um cobrador de bilhetes numa piscina.”
Para Schneider, foi “Tante [Tia] Yvonne”, mulher de Charles de Gaulle, Presidente entre 1959 e 1969, quem “lançou, oficiosamente, as bases do papel de primeira dama”. Ela encarregou-se de “acções de caridade, gestão dos aposentos do Eliseu e promoção da moda francesa”.
Estas bases mantiveram-se com Anne-Aymone Giscard D’Estaing, Claude Pompidou e Bernadette Chirac, “burguesas formatadas para serem mães e donas de casa, ao serviço da carreira dos maridos”. Mas a rotina foi quebrada por Danielle Mitterrand, Cécilia Sarkozy, Carla Bruni e Valérie Tierweiler, “zelosas da sua independência e liberdade”.
Madame Pompidou, reconhece Schneider, não queria passar muito tempo no palácio presidencial. Depois da morte do marido, tornou-se “quase uma figura política, ícone da arte moderna que enfrentou Giscard D’Estaing para que fosse construído o Centro Pompidou.”
Anne-Aymone “era a mais tímida, preferindo ficar na sombra”, mas o marido queria que o casal fosse “os Kennedy de França” e deu-lhe um papel político.
“Ela não se limitava a visitar hospitais e escolas. Descia às minas e percorria as fábricas, e até pronunciava discursos em nome de Giscard D’Estaing. “Era uma mulher infeliz, mas ele queria mostrar a sua modernidade.”
Danielle Mitterrand “era uma rebelde”. Filha de professores e militante socialista desde muito jovem, manteve as suas causas, após a eleição de François. Defendeu os curdos e de outras minorias.
Bernadette Chirac começou por fugir das câmaras, oferecendo essa visibilidade à sua filha, Claude. No segundo mandato do marido, porém, tornou-se uma “personagem política central entre os gaullistas.”
Cécilia Sarkozy “foi, paradoxalmente, a primeira dama mais influente e a mais efémera”, notou Schneider.
Principal conselheira política de Nicolas, com quem se casou em 1996, foi graças a ela que ele chegou à Presidência em 2007 – embora dois anos antes ela o tenha abandonado. Trocou-o pelo actual marido, o empresário judeu marroquino Richard Attias, cujo apelido adoptou.
Carla Bruni “é a mais atípica”. Nicolas Sarkozy pediu-a em casamento, em 2008, três dias depois de a conhecer, e ela mudou-se logo para o Eliseu.
Em 2012, quando François Hollande, separado de Ségolène Royal, chegou com a nova companheira, Valérie Trierweiler, a cantora e modelo desabafou: “Já não aguento mais esta vida.”
A menos popular, a jornalista Valérie Trierweiler separou-se de Hollande em 2014, quando o Presidente cessante assumiu uma relação extraconjugal com a actriz Julie Gayet. Chirac e Mitterrand também tiveram os seus affairs, vida privada que pouco tem interessado aos franceses.
A comentadora Virginie Cresci não tem dúvidas de que a função de primeira dama, “símbolo do sexismo da sociedade” que as reduz a esposas e mulheres-objecto, “dos conceitos mais conservadores da V República”, tem cada vez menos valor “e mais vale acabar com ela”.

Primeiras-damas de França (da esq. para a dir.): Yvone de Gaulle, Anne-Aymone Giscard D’Estaing, Claude Pompidou, Danielle Mitterrand, Bernadette Chirac, Cécilia Attias (ex-Sarkozy), Carla Bruni e Valérie Trierweiler
© Le Figaro
Este artigo, agora revisto e actualizado, foi publicado originalmente na revista MÁXIMA, edição de Junho de 2017 | This article, now revised and updated, was originally published in the Portuguese magazine MÁXIMA, June 2017 edition