A religião que ele professa desde os 16 anos pede que seja excelente. Foi influenciado por João Ganço, o treinador que o ajudou a ser campeão olímpico. Ainda recebe parabéns pela medalha de Pequim, mas o objectivo é saltar mais alto. Uma “mão divina” pode explicar “um centímetro a mais”. (Ler mais | Read more…)

A “viagem espiritual” de Nelson Évora, filho de uma costa-marfinense e de um cabo-verdiano, começou com a mãe, “a mais religiosa da família”, diz o atleta olímpico. “É católica mas não praticante, e sempre me ensinou a acreditar em Deus. Na sua maneira religiosa de estar e ser, deu-me os valores que me ajudarem a tornar-me bahá’í. Não seguiu o meu caminho, mas respeita o meu”
© Nuno Ferreira Santos
Fedross Imani não trouxe o saltério, instrumento de cordas com que o Rei David acompanhava os Salmos, mas veio Katherine Fiero com a sua harpa. Ela toca e canta: We are all waves of one sea/we are all leaves of one tree/we are all flowers of one garden.
Os fiéis escutam-na em silêncio, sob o olhar melancólico de ‘Abdu’l Bahá, filho de Bahá’u’lláh, o profeta dos bahá’ís, cujo retrato ocupa lugar central numa pequena sala de cortinas azuis e heras cor de laranja.
É domingo à tarde, e Fedross está particularmente orgulhoso. Não só porque o palestrante da celebração de hoje, sábado à tarde, no [antigo] Centro Bahá’í em Lisboa, é o seu filho Navid, mas porque na audiência está Nelson Évora, o atleta que personifica um dos valores máximos desta religião: a excelência.
O atleta medalha de ouro do triplo salto nos Jogos Olímpicos de Pequim [6 a 24 de Agosto de 2008] é a estrela do dia, ainda que a sede da comunidade ostente no portão de entrada uma outra estrela.
Tem nove pontas e representa a “unidade na diversidade” que inspirou “Cathy”: o sabeanismo (os sabeus ainda hoje vivem – perseguidos – no Iémen, no Iraque, no Paquistão e no Afeganistão), o hinduísmo, o judaísmo, o zoroastrismo, o budismo, o cristianismo, o babismo e o bahá’ísmo.
Depois de distribuir beijos, abraços e sorrisos, Nelson Évora sentou-se na segunda fila, entre a mulher e o filho do seu treinador e amigo, João Ganço.
Navid, professor de artes marciais, dissertou sobre “a influência da educação no carácter do ser humano”, e o “menino de ouro” foi várias vezes citado como um bom exemplo. O que se prepara “para atingir a perfeição”.
Nelson ouviu-o com atenção e deu o seu testemunho: “O importante é estar sempre em movimento e trabalhar muito, porque a excelência é o lado físico e o lado espiritual.”
Sentada a pouca distância, a romena Iona Gheorghe lançou um piropo, que fez o atleta soltar o riso e roer ainda mais as unhas, e declarou, com esfuziante alegria: “Eu cheguei aqui há dois anos vinda de um país que foi uma ditadura. Era ortodoxa, mas senti sempre um vazio. Só a fé bahá’í me deixou completa.” Várias cabeças acenaram em concordância.
Uma delas, a da harpista Catherine, que a Orquestra Nacional de São Carlos dispensou. “Eu vim de Nova Iorque, e sinto-me feliz desde que há 30 anos aceitei Bahá’u’lláh como mensageiro de Deus”, dir-nos-á a antiga cristã metodista, no final de uma hora de debate de ideias e duas orações.
We are all stars in the sky/ we are all one in God’s eye”, emociona-se ao recitar o seu livro de cânticos. We are angels of fire and snow/we see the light and away we go.

Imagem de ‘Abdu’l Bahá, filho de Bahá’u’lláh, profeta dos bahá’ís. A religião nascida no Irão foi perseguida em Portugal até 25 de Abril de 1974
© Nuno Ferreira Santos
Os fiéis estão num exíguo hall [um edifício maior foi inaugurado em 12 de Novembro de 2011, na Rua Cidade Nova Lisboa] a partilhar bolinhos, queijos e sumos – lanche com que tradicionalmente terminam os encontros – e já Nelson Évora e João Ganço subiram à biblioteca para contarem como chegaram à “verdade”.
“Eu era muito novo, tinha uns nove ou dez anos”, revela o jovem, num misto de serenidade e nervosismo. “Costumava frequentar a casa do professor, em Odivelas, para brincar com o filho [David Ganço]”
“Lembro-me de ir às aulas de crianças sem saber para que serviam, mas depois percebi que o objectivo era transmitir valores. Éramos ensinados a não mentir e tínhamos de passar a teoria à prática. Eu e o David começávamos por mentir e depois víamos o resultado dessa mentira.”
Ao contrário do que possa parecer, a “viagem espiritual” de Nelson, nascido em 20 de Abril de 1984, filho de uma costa-marfinense e de um cabo-verdiano, não começou na casa do vizinho João Ganço, antigo recordista do salto em altura.
“A minha mãe foi sempre a mais religiosa da família”, diz. “É católica mas não praticante. Acredita em Deus e sempre me ensinou a acreditar em Deus. Na sua maneira religiosa de estar e ser, deu-me os valores que me ajudarem a tornar-me bahá’í. Ela não seguiu o meu caminho, mas respeita o meu.”
O momento decisivo aconteceu aos 16 anos, numa “escola de Verão em Monchique”, mais uma vez na companhia do amigo David Ganço.
“Eu era jovem, mas os meus ideais, a minha forma de vida, já eram bahá’Ís. Só faltava declarar-me e assim fiz.”
Encontrar respostas não é ter certezas, avisa Nelson. “Nada fica definido para o resto da vida. Tudo é questionável. Por exemplo, e só agora falo disto, há pouco tempo, uma amiga morreu de repente, num acidente, e voltaram-me as perguntas. Porquê?”

Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, onde ganhou a Medalha de Ouro. Nelson Évora saltou 17,67m. A fé ajuda-o? “Porquê um centímetro a mais ou a menos? Há coisas físicas, é certo, mas aqui atribuo uma mão divina. Para alguns, talvez seja sorte. Eu vejo mais além”
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Será que Nelson duvidou da existência de Deus quando o seu pai adoeceu gravemente antes dos Jogos de Pequim? “O meu pai adoeceu por um motivo”, afirma, sem precisar.
“Quando há um motivo, não há perguntas a fazer. Coloquei mais perguntas, quando a minha amiga morreu, do nada. Ela era uma pessoa que procurava a excelência. E aconteceu-lhe aquilo. Ainda não consigo aceitar a morte.”
Para outras adversidades, porém, já encontrou defesas. Quando o britânico Phillips Udowu reagiu muito mal ao segundo lugar (17,62m), o português que já era campeão do mundo desvalorizou os insultos.
“A culpa é dele porque fez mal o exercício. Eu entrei em prova, sabia que estava bem. A primeira coisa que fiz, mesmo sabendo o que ele dissera de mim, foi estender-lhe a mão e falar com ele. Não guardo ressentimentos.”
Há um episódio que Nelson Évora recorda, na sua primeira competição internacional, o campeonato do mundo 2003/04, em Budapeste, quando no meio do corredor uma atleta se atravessou à sua frente.
“Eu tinha apostado tudo naquele salto e não consegui saltar. Desconcentrei-me e isso desmoralizou-me. Podia ter protestado. Não o fiz. Não me arrependo. Essa atitude enriqueceu-me como ser humano e desportivamente.”

Prece atribuída a Bahá’u’lláh: Bem-aventurado o lugar, a casa e o coração, e bem-aventurada a cidade, a montanha, o refúgio, a caverna e o vale, a terra e o mar, o prado e a ilha, onde se haja feito menção de Deus e celebrado o Seu louvor
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Nunca fez nada de errado? “Claro que fiz! Às vezes temos de experimentar as coisas más para saber onde os erros nos levam. Nem sempre chegamos lá quando nos dizem ‘Não vás por aí’. Se faço mal, peço perdão sem dificuldade. Sei que todos erramos, que tenho defeitos e os outros também.”
E quando ganha, o Nelson que saltou 17,67m sente que a fé o ajuda? “Eu e o professor trabalhámos muito, e eu só tinha de estar o mais concentrado possível. O que aconteceu depois, na prova, são coisas que me ultrapassam. Porquê um centímetro a mais ou a menos? Há coisas físicas, é certo, mas aqui atribuo uma mão divina. Para alguns, talvez seja sorte. Eu vejo mais além.”
“Quero chegar mais longe, sem dúvida!”, frisa Nelson. “Vou ter de estar muito equilibrado a todos os níveis. Se atingir os meus objectivos, e mesmo se não os atingir, essa procura servirá de exemplo de vida, para mim, e para os que acompanharem o meu percurso até lá. As pessoas ainda estão a pensar na medalha olímpica, mas eu, um dia depois, já estava a pensar noutra coisa. Noutra etapa, noutra prova.”
Ganço insiste no que já antes dissera noutras entrevistas: “Não foi só a fé bahá’í que deu a vitória ao Nelson. Foi um conjunto de factores e um deles foi a fé. Estamos há muito tempo juntos e sentimos o que temos e o que podemos fazer.”
Sobre o seu percurso religioso, o treinador desvenda: “Eu era católico, mas tinha muitas dúvidas. Depois do meu casamento [mera formalidade pela igreja], eu e a minha mulher decidimos investigar várias religiões.”
“Fomos ter com tudo o que era seita. Budistas, muçulmanos, o Mr. Moon [fundador e reverendo da Igreja da Unificação, morreu aos 92 anos, em 3 de Setembro de 2012] e até as Testemunhas de Jeová. Era uma necessidade pessoal e espiritual.”
“Quando pegava na Bíblia e começava a ler, interrogava-me. Havia coisas que não entendia. Também me questionava sobre a razão de ser de tantas religiões com tantos crentes. Onde estava a verdade? Foi a fé bahá’i que deu resposta às minhas dúvidas.”
“Quando os outros textos religiosos foram revelados, a mentalidade era outra. Precisamos de outras orientações, mais avançadas. A época de Bahá’u’lláh [1817-1892] é a mais recente.”

João Ganço, o treinador que ajudou Nelson Évora a ser campeão olímpico, demorou cinco anos a tornar-se bahá’í. “Há pessoas que chegaram lá logo pelo coração. Eu precisei de investigar. A minha mulher, os meus filhos e até a minha sogra são bahá’ís. Alguns dos meus atletas são bahá’ís. Não pressionámos ninguém”
© Nuno Ferreira Santos
João Ganço demorou cinco anos a tornar-se bahá’í. “Há pessoas que chegaram lá logo pelo coração. Eu precisei de investigar. A minha mulher, os meus filhos e até a minha sogra são bahá’ís. Alguns dos meus atletas, não só o Nelson, são bahá’ís. Não pressionámos ninguém. Foram sentindo a atmosfera, sentiram-se bem e foram aderindo.”
Nelson é o seu orgulho: “O primeiro passo não fui eu que o dei, foram os pais dele, que são católicos e são excelentes. A educação base foi da família. Depois, sentiu a influência bahá’í. Hoje, ele é mais conhecido pelo seu lado humano do que pela medalha. E eu fico contentíssimo, porque, um dia, ele deixará de ser atleta [estuda Marketing e Publicidade e é modelo] mas continuará a ser uma pessoa.”
Orgulho na fé que segue há 50 anos é também o que sente Mário Mota Marques, um dos nove membros eleitos da Assembleia Bahá’í de Lisboa.
Líder muito respeitado na comunidade [morreu em 18 de Outubro de 2009] Mota Marques sempre foi um “estudioso das religiões”, apesar de a sua família não ser religiosa. Começou por ler o Bhagavad Gita, dos hindus. Aos 16 anos, foi conduzido ao centro bahá’í por um amigo que continua a ser agnóstico.
O amigo vive em Nova Iorque e é músico. Sempre se corresponderam. Uma das suas cartas falava de Bach, mas a PIDE, que frequentemente batia à porta de Mário Marques de madrugada (esta religião foi perseguida até ao 25 de Abril de 1974), implicou porque leu bahá’í.
“Entravam e vasculhavam tudo”, recordou o responsável, que também não esquece outra visita da polícia política a uma sala onde crianças tinham actividades lúdicas. “Os agentes chegaram, olharam para o papel de cenário com desenhos coloridos e perguntaram se eram planos para ataques a quartéis.”
Os maus tempos passaram. Hoje, a fé bahá’í está reconhecida oficialmente e tem as suas próprias aulas de religião e moral nas escolas públicas, e um programa na RTP2.

[Em 2015, aos 30 anos, o campeão do mundo e olímpico conquistou a medalha de ouro em triplo salto, nos Europeus de Atletismo de pista coberta disputados em Praga, na República Checa.
Em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio, Nelson Évora terminou em sexto, mas “fez a melhor marca pessoal do ano e garantiu mais um diploma para Portugal”. Estas Olimpíadas marcaram também o fim da ligação do atleta ao seu treinador, João Ganço, que se afastou, desgostoso por o seu discípulo ter criticado a preparação planeada. Nelson Évora mudou-se, também, do Benfica, onde esteve 12 anos, para o Sporting.]

Praga, 7 de Fevereiro de 2015. Nelson Évora sagrou-se campeão europeu, conseguindo o seu primeiro grande título indoor, com um triplo salto a 17,21 metros.
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Guia para compreender a fé de Bahá’u’lláh
Nascer na Pérsia e morrer em Israel
- A religião bahá’í é a segunda mais disseminada geograficamente, depois do cristianismo – está presente em todos os cantos do mundo
- 200 grupos étnicos, tribais e raciais em 235 países e territórios dependentes.
- Foi fundada em 1844 por Bahá’u’lláh, que declarou publicamente ser “o Mensageiro de Deus para a nossa era”, o último depois de Krishna, Buda, Zoroastro, Moisés, Jesus Cristo e Maomé, até aparecer um outro ainda mais magnífico. Bahá’u’lláh significa “A Glória de Deus” e é o título de Husayn-‘Ali, nascido em Teerão de uma família da nobreza persa, a 12 de Novembro de 1817.
- O seu pai era um abastado governador de província, mas ele recusou um cargo político e preferiu dedicar-se a acções de filantropia. Juntou-se depois a um comerciante de Shiraz chamado Siyyid ‘Ali-Muhammad, posteriormente conhecido como Báb (Porta), o fundador da fé babí e uma espécie de João Baptista que anunciou Bahá’u’lláh como “o Prometido de todas as religiões”. Quando Báb foi executado em 1850, Bahá’u’lláh foi primeiro detido e depois desterrado para o Iraque.
- Em 1963, foi de novo exilado para Constantinopla e em 1968 foi deportado para Akka [Acre, em hebraico e agora uma cidade israelita; Akko, em árabe], na Palestina otomana. Morreu em 1892. O lugar onde está sepultado, no Monte Carmelo, em Israel, é o maior santuário dos bahá’ís.
Da América para Lisboa
- Em 1844, várias páginas do III volume do Dicionário Popular, dirigido por Manuel Pinheiro Chagas, já se referiam ao Báb como precursor de Bahá’u’lláh, mas a fé bahá’í só foi divulgada em Portugal em 1926, com a chegada das crentes norte-americanas Martha Root e Florence Schoflocher.
- Em Lisboa, proferiram conferências no Clube Rotário, deram entrevistas ao Diário de Notíciase ao Diário de Lisboa e ofereceram livros sobre a nova religião à Biblioteca Nacional. A comunidade só começou, porém, a ser formada a partir de 1943, depois da vinda para Lisboa de Virgínia Orbinson (que vivia em Madrid) e Valeria Nichols (que viajou dos EUA).
- Instalaram-se no Hotel Victoria, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e uma das primeiras almas que “conquistaram” foi a da proprietária de uma loja de alta-costura no Chiado.
- A 20 de Abril de 1949, foi eleito o primeiro Conselho Bahá’í Local de Lisboa e a 20 de Outubro de 1957 foi inaugurado o Centro Bahá’í.
A religião de todas as religiões
- Ainda que perseguidos como uma “heresia” por fundamentalistas islâmicos, sobretudo no Irão, onde muitos têm sido executados, os bahá’ís – sete milhões a nível mundial e uns dez mil em Portugal – não parecem temer o futuro. Estão, aliás, convencidos de que “a paz mundial não é apenas possível mas inevitável”.
- Monoteístas em “progressiva evolução” (aceitam a Bíblia e o Corão), o seu livro mais sagrado é o Kitáb-i-Aqdas, parte de um grande corpo de escrituras onde Bahá’u’lláh ensina que “a Terra é um só país e a humanidade os seus cidadãos”.
- Entre os vários princípios e leis estão, designadamente, a eliminação de preconceitos de qualquer natureza (raça, classe, crença); a igualdade de oportunidades, direitos e deveres entre o homem e a mulher; a eliminação dos extremos de pobreza e de riqueza; e a harmonia entre religião e ciência.
Assembleias sem clero
- Não há clero na fé bahá’í. A vida colectiva da comunidade bahá’í é administrada por conselhos consultivos de nove membros.
- Como não há candidaturas individuais, são eleitos os crentes mais votados, a nível local, nacional e internacional, para as assembleias Espirituais Locais, Assembleias Espirituais Nacionais e Casa Universal da Justiça – a sede que funciona em Haifa (Israel).
Como rezam os bahá’ís?
- Através da oração e da meditação, individual ou na comunidade (seja no centros bahá’í ou nas casas dos crentes – onde frequentemente há música, debate de ideias e partilha de alimentos).
- O trabalho com espírito de serviço também é considerado adoração a Deus. As escrituras desta religião contêm numerosas preces para vários objectivos e ocasiões.
Casamento monogâmico
- Para os bahá’ís, a família é a unidade básica da sociedade, e o casamento monogâmico é a base da vida familiar. Cada um escolhe o seu parceiro, mas os pais “têm o direito e a obrigação de avaliar se dão o seu consentimento” aos filhos.
- O casamento é efectuado na presença de duas testemunhas designadas pelo conselho local bahá’í, numa cerimónia simples (embora a festa possa ser opulenta) em que o casal recita o seguinte versículo: “Todos nós cumpriremos a vontade de Deus.”
- O primeiro casamento baha’í, reconhecido em Portugal foi o de David Ganço (filho do treinador de Nelson Évora), em 22 de Março de 2008. Os casamentos inter-raciais são encorajados para sublinhar a unidade da raça humana.
Divórcio com “um ano de paciência”
- Um casal bahá’í pode divorciar-se, mas, primeiro, marido e mulher terão de fazer uma tentativa de reconciliação. Vivem separados pelo menos um ano – “um ano de paciência” – e se, depois desta experiência, ainda desejarem o divórcio, este é concedido.
Prioridade às filhas na educação
- Os bahá’ís são ardentes defensores da igualdade entre homens e mulheres, mas atribuem grande importância às mães e às filhas.
- As mães são consideradas vitais na formação dos jovens como “força poderosa para mudar as sociedades”.
- Se um casal tiver um rapaz e uma rapariga mas apenas tiver posses para educar um, a prioridade deve ser dada à rapariga, porque “as desigualdades entre homens e mulheres dependem da educação e da oportunidade, não das capacidades”.
Contribuições voluntárias e secretas
- Todas as contribuições para o Fundo Bahá’i são voluntárias e confidenciais. Ninguém pode ser pressionado a contribuir, e só são aceites contribuições de não bahá’ís para projectos sociais, económicos ou educativos.
Proibição de filiação partidária
- Os crentes bahá’ís estão proibidos de serem membros de partidos políticos, porque consideram que as acções políticas de natureza partidária não respondem aos problemas universais.
- Isso não significa que não possam assumir posições públicas sobre questões “puramente sociais e morais” e votar nos candidatos que considerem mais capazes de mudar o mundo.
- Este princípio de não envolvimento na política relaciona-se com o ensinamento bahá’í de lealdade ao governo em exercício.
Este guia contou com a preciosa colaboração de Mário Mota Marques, um dos mais influentes membros da Assembleia Espiritual Nacional dos Baha’ís de Portugal que morreu em 2009, e de Marco António Oliveira, outro destacado membro da comunidade e autor do blogue Povo de Bahá.
Este artigo, agora revisto e actualizado, foi publicado originalmente no jornal PÚBLICO em 12 de Dezembro de 2008 | This article, now revised and updated, was originally published in the Portuguese newspaper PÚBLICO, on December 12, 2008