Kylie Minogue: A garotinha do show

Na língua dos aborígenes, o nome dela significa boomerang, e a pequena australiana tem sabido regressar no momento em que menos se espera. Depois de uma luta contra um cancro da mama, showgirl KM regressou com nova digressão. Completou 40 anos de vida. De carreira, são 20. (Ler mais | Read more…)

Kylie Minogue, a diva que se autodefine como “um diamante que brilha hoje e brilhará sempre”
© naturaskinclinic.co.uk

A lista de títulos e prémios é extensa e aqui está uma ínfima amostra. Ela é “princesa da pop” e “ícone gay”. “Melhor cantora” e “Melhor actriz”. “Mulher da década” e “Mulher do ano”, “Mulher mais adorada” e “Mulher mais desejada”. “O sorriso mais luminoso” e “O corpo mais bonito do mundo”. “Os 152 centímetros mais sexy da música” e “aquela com quem todos gostariam de passar uma noite”.

Ela é Kylie Minogue (KM), a loura de olhos verdes sobre quem os fãs dizem Can’t get you out of my head. De poses eróticas (quem não se lembra dela em cima de um touro mecânico a promover, num vídeo só permitido em cinemas, a lingerie Agent Provocateur?).

De fatos ora minúsculos (como os míticos calções dourados que rodopiavam em Spinning around) ora exuberantes – espartilhos, plumas, lantejoulas, brilhantes (que atraem um fiel público gay) – e sempre muito glamour.

E ela está de volta, a sensualidade recuperada depois de um cancro de mama, com o décimo disco de estúdio (X) e uma nova digressão para o promover, que inclui vários países mas não chega (ainda) a Portugal. [Seria em 2019.]

A Austrália, onde nasceu em 1968 – sim, KM completa 40 anos de vida (já tem 20 de carreira) em 28 de Maio – fez dela uma espécie de tesouro nacional.

O primeiro-ministro mobilizou a polícia para a proteger do assédio dos jornalistas quando o tumor lhe foi diagnosticado, em 2005.

Kylie tornou-se um exemplo para as mulheres australianas, encorajando-as a fazerem mamografias e outros testes de rotina, o que, atestam os médicos, “ajudou a salvar muitas vidas”.

Também a Inglaterra, “pátria adoptiva” reclamou: “Párem de lhe chamar aussie, porque ela já é nossa!” A rainha Isabel II ouviu o clamor, e em 2007 condecorou KM com uma OBE, medalha da Ordem do Império Britânico.

O Reino Unido atribuiu-lhe ainda o prestigiado Music Industry Trust’s Award – Kylie foi a primeira mulher nos 16 anos de história deste evento a ser galardoada.

E nos BritAwards, de Fevereiro de 2008, não só teve direito a entregar o prémio de carreira a Sir Paul McCartney como foi coroada “melhor artista internacional”.

O “regresso triunfal” desta baixinha que não larga os saltos altos (a sua estatura impediu que desempenhasse o papel, atribuído a Cate Blanchett, de Galadriel em Senhor dos Anéis – era muito pequena para ser um Elfo”) é uma brilhante operação de marketing.

E esta é uma parte da história da diva que se autodefine como “um diamante que brilha hoje e brilhará sempre”.

Em 2000, Kylie Minogue voltou ao top graças a Spinning Around – à música electrificante mas também aos seus icónicos calções dourados, concebidos pelo director artístico (ou “marido gay”) William Baker, antigo vendedor da estilista Vivienne Westwood.
© Pinterest

Kylie Minogue é famosa pela exuberância dos seus fatos em palco
© dailyrecord.co.uk

Kylie Ann Minogue, que os amigos tratam carinhosamente por Min, era uma actriz secundária em telenovelas na sua Melbourne natal – andava nesta vida desde os 12 anos – quando cantou publicamente, pela primeira vez, no programa musical Young Talent Time.

Por esta altura, em 1993, a estrela era a sua irmã, Danni, mas três anos depois, KM já era a celebridade maior, graças à incarnação de Charlene Mitchell, uma mecânica sem grandes ambições, na série Neighbours.

O romance com o colega Jason Donovan, na ficção (o episódio do casamento parou o país) e na vida real, ajudou a aumentar a popularidade da filha do contabilista Ron e da antiga dançarina Carol que conseguiu a proeza de ganhar quatro Logie Awards – espécie de Grammy australiano – e um Logie de ouro como “a mais popular artista televisiva”.

Em 1987, durante um concerto de beneficiência com outros actores de Neighbours, Kylie cantou The Loco-Motion, cover da versão original de 1962, de Little Eva, e considerada pela revista Rollling Stone uma das 500 melhores canções de todos os tempos.

Os agentes da Mushroom Records ficaram extasiados e convidaram KM para gravar um single re-intitulado Locomotion.

Não só esteve sete semanas no “top mais” da Austrália (e cinco no britânico – ultrapassando o recorde de Madonna) como foi o disco mais vendido no país nos anos 1980.

Foi então que Kylie passou a ser “a marioneta” de Stock, Aitken e Waterman (SAW), compositores e produtores de artistas como Elton John e Bananarama.

Várias biografias dizem que eles se esqueceram do primeiro encontro marcado com ela, e que escreveram à pressa I should be so lucky enquanto KM esperava por eles nos corredores do estúdio.

Valeu a pena: foi mais uma vez número um na Austrália e no Reino Unido, e quando integrou o álbum de estreia, Kylie, este vendeu mais de sete milhões de exemplares em todo o mundo.

Em 1990, tentando chegar a uma audiência mais adulta, KM começou a distanciar-se do trio SAW, e é ela já quem dirige o vídeo Better the devil you know.

O namoro com o escandaloso Michael Hutchence, defunto vocalista dos INSX, consolida a nova imagem de uma mulher sexualmente apelativa, tanto mais que ele se vangloriava de ter “corrompido” Kylie e de se ter inspirado nela para escrever Suicide Blonde.

Os anos 1990 não foram tão bem sucedidos e KM decidiu não renovar o contrato com SAW, alegando que estes só queriam que ela “decorasse os textos, cantasse, não fizesse perguntas e promovesse o produto”.

Em 1992, este vínculo chegou ao fim, com o álbum Greatest Hits, e Kylie mudou-se para a Deconstruction Records.

Apesar da mudança, os elogios aos novos trabalhos não foram unânimes, pelo menos até aparecer Nick Cave, que se confessou fascinado quando ouviu Better the devil you know, em seu entender, “uma das letras mais violentas da pop”, em que “a inocência de Kylie” tornava “o horror ainda mais perturbador”.

Em 1995, os compatriotas Nick Cave e KM gravaram juntos Where the wild roses grow , balada que narra um crime em que ele é o assassino e ela a vítima. Choveram prémios, como Song of the Year, e ambos esgotaram concertos.

De repente, foi como se tivesse havido uma metamorfose de Kylie de dance-pop artist em indie, uma nova estrela da música alternativa.

Não foi bem assim, mas KM agradeceu os conselhos do respeitável amigo: “Ele ensinou-me a nunca me desviar para muito longe do que sou, mas a ir mais longe, tentar coisas diferentes, sem nunca me perder.”

Em 1997, Kylie enveredou por uma fase rocky, inspirada em Shirley Manson, Garbage, Björk, Tricky e U2. Fez parcerias com os Manic Street Preachers e com os Pet Shop Boys.

Mas, a seguir, mergulhou nas influências disco sound de Donna Summer e dos Village People., colaborando com o bem-humorado Robbie Williams (juntos gravaram Kids).

Depois de dez anos sem chegar a número um, eis que, em 2000, ligada a outra editora, a Parlophone, KM voltou ao top graças a Spinning Around – à música electrificante e aos seus icónicos calções dourados, concebidos pelo director artístico (ou “marido gay”) William Baker, antigo vendedor da estilista Vivienne Westwood.

Foi também em 2000 que Kylie foi escolhida para o espectáculo de encerramento dos Jogos Olímpicos de Sydney.

A sua (On a) night like this foi escutada por mais de 2000 milhões de pessoas em 220 países, e deu título a uma tour que atraiu multidões maravilhadas com o grandioso estilo Broadway das actuações.

Em 2001, com o álbum Fever e o principal single, Can’t get out of my head (com o refrão lá-lá-lá, foi o maior sucesso da carreira de KM, oito milhões de copas vendidas) o disco sound fundiu-se com a electropop, como se fosse uma co-produção dos Kraftwerk e de Stanley Kubrick.

Na etapa seguinte, em 2003, os sons dos Human League e de Prince influenciaram o álbum Body Language e o single Slow, a que Kylie adicionou também os ritmos do hip-hop. A All Music atreveu-se a enaltecer “um disco de pop quase perfeito”.

Em 2004, os Scissor Sisters compuseram I Believe in You para Ultimate Kylie, que compila os maiores êxitos da cantora, que no, mesmo ano, foi nomeada, pela quarta vez consecutiva, para um Grammy pelo “melhor disco de dança”.

Em Maio de 2005, a Showgirl Kylie Minogue interrompeu abruptamente The Greatest Hits Tour depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro de mama. Submeteu-se a uma mastectomia parcial e a tratamentos de quimioterapia. “Foi como sofrer os efeitos de uma bomba atómica. (…) O meu corpo tornou-se campo de batalha”
© Olivier Martinez | AP

Arena de Wembley, Londres, 7 de Janeiro de 2007, Kylie Minogue e a sua Showgirl Homecoming Tour que assinalou o  regresso depois do cancro
© Peter Still | Getty Images | marieclaire.co.uk

Em Maio de 2005, quando tudo parecia correr maravilhosamente, a Showgirl teve de interromper abruptamente a sua The Greatest Hits Tour (700 mil espectadores) precisamente quando chegava a Melbourne para os derradeiros concertos.

“Kylie Minogue tem cancro de mama, de um tipo muito agressivo e vai suspender a sua digressão para se tratar”, noticiou a BBC.

Primeiro, KM retirou-se para o refúgio da família na Austrália – os Minogue são como um inseparável clã, o pai é o seu tesoureiro, a mãe cuida do guarda-roupa, o irmão é operador de câmara. Depois, seguiu para um hospital de Paris, onde se submeteu a uma mastectomia parcial e a tratamentos de quimioterapia.

“Foi como sofrer os efeitos de uma bomba atómica” (SKY News). “Emagreci até já só ter a pele sobre os ossos, depois inchei como um balão” (revista Glamour). “Fui privada de tudo, tive de deixar crescer as sobrancelhas, deixar crescer o cabelo. Foi incrível” (revista Hello). “O meu corpo tornou-se campo de batalha” (DVD-documentário White Diamond).

Não se pense, porém, que Kylie, apesar dos dias em que se “estendia no chão, lavada em lágrimas”, não lutou para sobreviver.

Agarrou todas as mãos estendidas – fossem as do namorado Olivier Martinez ou as das crianças de institutos oncológicos que lhe escreviam cartas de amor. Na língua aborígene, o seu nome significa boomerang, e ela agiu como tal, regressando quando que menos a esperavam.

As primeiras fotografias de lenço – elegantemente – amarrado à cabeça rapada, surgiram porque KM assim determinou. Eram imagens de uma pessoa fragilizada, mas confiante. Vieram depois as fotos que o “querido Olie” lhe tirou, com o cabelo muito curtinho, a despontar, sinal de esperança na recuperação. E quando os médicos a declararam fora de perigo, não mais parou.

Ainda em convalescença, escreveu um livro para crianças, Kylie: The Showgirl Princess, publicado em Outubro de 2006.

Em Novembro, lançou um primeiro perfume, Darling (cuja fragrância pulveriza todos os dias a sua figura de cera no Museu Madame Tussaud – já teve quatro, e só a rainha Isabel II teve mais que ela), e depois um segundo, Sweet Darling. O terceiro, Showgirl, seria vendido em Abril.

Em 2008, a australiana Kylie recebeu do príncipe Carlos a Medalha do Império Britânico (OBE) – quebrou o protocolo ao apertar a mão ao herdeiro do trono britânico. A França também a condecorou “Cavaleira da Ordem das Artes e das Letras”, e a Anglia Ruskin University, no Reino Unido, atribuiu-lhe o grau doutor honoris causa em Ciências da Saúde, pelo seu trabalho de alerta para o cancro da mama
© dailymail.co.uk

Lentamente, Kylie foi aparecendo em desfiles de Karl Laggerfeld e dos Dolce & Gabbana, amigos pessoais. “Eu adoro trajes a rigor e moda desde pequena”, confessa. “Ia com a minha avó ao mercado e, por cinco dólares, voltava para casa com muitos tecidos.”

Stacey Duguid, directora executiva da Elle, sublinha: “Quando se trata de moda, Kylie nunca dá passos em falso. Ela está sempre on-trend [na onda], e ela trabalha realmente o look. Também ajuda estar bem relacionada com estilistas que lhe oferecem roupas muito antes de elas chegarem às lojas. E fazem isso porque Kylie não tem medo da moda, e isso também a distingue das outras cantoras.”

Após a recuperação, multiplicaram-se as capas de revistas com fabulosas produções fotográficas em que KM evidencia a sua faceta de mulher-camaleão, sempre em constante mudança de visual – num dia é Jean Seberg e noutro é Marylin Monroe.

Para provar que sua beleza não foi afectada pelo cancro nem pela alegada depressão causada pela ruptura de dois anos de namoro com Martinez, fez uma campanha publicitária em fato de banho para a H&M e aceitou ser o rosto da marca de jóias TOUS.

Kylie garante que não tem medo dos 40 anos que se aproximam. Porque sabe cuidar de si. Come alimentos saudáveis, não fuma e raramente bebe socialmente. Dança para se manter em forma e cuida bem da pele luminosa que a faz parecer uma “Barbie da Mattel”.

Diz ela: “Sempre considerei as injecções [de botox] como um gesto banal, como pôr creme no rosto. E agora ainda mais penso assim [entretanto, anunciou que abandonou este tratamento de rejuvesnecimento].”

Em homenagem a KM, o Victoria & Albert Museum de Londres dedicou-lhe, em 2007, uma inédita exposição de 300 dos seus fatos e acessórios (incluindo 26 pares de sapatos e mais de 20 chapéus), da autoria de 44 criadores, de John Galiano a Manolo Blahnik. A primeira semana acolheu 8000 visitantes.

“Quando se trata de moda, Kylie Minogue nunca dá passos em falso”, disse Stacey Duguid, directora executiva da revista Elle. “Ela está sempre on-trend  e trabalha realmente o look. Também ajuda estar bem relacionada com estilistas que lhe oferecem roupas muito antes de elas chegarem às lojas”
© heyreilly.com

Entre o diagnóstico do cancro, em Maio de 2005, e o lançamento do seu novo disco X, em Setembro de 2007, Kylie ainda arranjou forças para concluir a Showgirl Tour interrompida. Chamou-lhe Homecoming (Regresso a casa). “Senti que não houve uma conclusão”, justificou. “Mesmo nos momentos mais difíceis, só pensava: ‘Quero fazer isto’. Mesmo sem saber se conseguiria.”

Homecoming foi importante por duas razões – foi o regresso à Austrália e o regresso ao palco, o meu outro lar”, diz KM. “Podemos pensar que é só um espectáculo, mas não é só isso. É o meu trabalho. É a minha paixão e dá tanto a tanta gente. Não estava disposta a desistir depois de tudo o que passei. Significa muito, para mim.”

O jornal Sydney Morning Herald foi generoso na apreciação do espectáculo, que incluiu um dueto com Bono: “Foi uma extravaganza e nada menos do que um triunfo”.

Também X e o single 2 Hearts têm merecido elogios, e este chegou a liderar algumas tabelas de vendas. “Quando pus os pés em estúdio pela primeira vez [desde a doença], parecia louca, submersa de emoções”, diz Kylie. “Foi preciso tempo para pôr ordem nisto tudo.”

O resultado são 13 canções, sendo a mais intimista No more rain, escrita no final dos tratamentos; Got a second-hand dance, gonna do it again/Got rainbow colours and no more rain.

2019: Minogue, 51 anos, lança uma paleta de sombras para os olhos da sua já famosa linha de beleza Kylie Cosmetics e prepara nova digressão de espectáculos
© Tarwai Tang | Getty Images | instyle.com

Em Maio [de 2008], começou a KylieX2008 Tour – com “fatos modestos”, paradoxalmente, encomendados a Jean-Paul Gaultier, o mesmo que fez o lendário corpete de Madonna para sua Blonde Ambition Tour.

Os médicos [estavam] apreensivos, porque cada espectáculo a deixa extenuada, mas ela assegura que está mais calma. “Deixei de trabalhar como um animal. Acabaram-se os dias das seis da manhã até à meia-noite. Agora, por exemplo, faço jardinagem. E posso sonhar em ter uma família, mesmo que ter filhos seja mais complicado [depois do cancro]”.

“Sim considero-me uma artista”, vinca Kylie. “Levei uma série de anos até me considerar uma artista, e não é fácil dizer que não sou quando todos os aspectos de tudo o que faço implicam arte. Não estou aqui, 20 anos depois, por sorte ou só por muito trabalho, porque nenhuma dessas coisas nos dá longevidade.”

[Em Julho de 2010, depois de ‘X’, em 2007 e uma digressão por mais de 20 países, no ano seguinte, a ‘pop star’ regressou com novo álbum, ‘Aphrodite’, cujo primeiro single, ‘All the Lovers’ (lançado em 28 de Junho), desde logo conquistou os críticos;

Em Junho de 2013, surgiram especulações de que Kylie iria abandonar a carreira musical, depois de 70 milhões de discos vendidos num quarto de século, e ser apenas actriz. Em Julho, confirmou-se que ela assinou um contrato com a editora Roc Nation, de Jay Z. Foi o 12ª álbum em estúdio e o primeiro single, ‘Skiirt’;

Em 4 de Julho de 2009, pela primeira vez em 20 anos de carreira, Kylie Minogue  veio a Portugal para actuar no antigo Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Não encheu a sala, mas cativou a audiência. Em quase duas horas de concerto, cantou os seus maiores êxitos (excepto ‘Locomotion’):  ‘Can’t get you out of my head’, ‘In your eyes’,’Slow’, ‘On a night like this’, ‘Kids’, ‘In my arms’ e ‘I should be so lucky’ .]

Este artigo, agora revisto e actualizado, foi publicado originalmente no jornal PÚBLICO, em 2008 | This article, now revised and updated, was originally published in the Portuguese newspaper PÚBLICO in 2008

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