Líbano: Morrer, partir, regressar*

Refúgio de religiões, o “País do Cedro” perdeu a fé nos seus líderes. Uma devastadora explosão em Beirute deixou bem evidente como um sistema confessional corrupto – contra o qual começou uma revolução há precisamente um ano – continua a sacrificar vidas e bens. O historiador Roberto Khatlab e a Irmã Myri ajudam-nos a entender a importância dos cristãos numa nação em desassossego. (Ler mais | Read more…)

© Diego Ibarra Sanchez | The New York Times

No dia 4 de Agosto, Roberto Khatlab estava a 7 km de distância quando uma das mais potentes explosões não nucleares de que há memória quase obliterou Beirute, e os seus bairros cristãos, em particular. Sentado na sua sala, suspeitou de um terramoto, mas o que viu depois foi “uma cena apocalíptica” em que “todos se sentiam diante da morte”.

“Tudo se movimentava à minha volta”, relata o director do Centro de Estudos e Culturas da América Latina na Université Saint-Esprit de Kaslik (instituição privada católica maronita), numa entrevista que me deu, por e-mail. “A deslocação do ar causada por uma segunda deflagração empurrou os móveis contra mim.”

“Eu próprio me senti empurrado pelo ar. Como as portas e janelas estavam abertas, os vidros do meu apartamento não se partiram.” O mesmo não aconteceu às vidraças fechadas de igrejas, lojas e outros imóveis do bairro onde o libanês-brasileiro Khatlab habita.

“Foram minutos de grande tensão”, até ter a certeza de que a família estava segura. “Felizmente nada sofremos.” Em seguida, ele foi ao porto para saber dos amigos e conhecidos. Viu ruas destruídas, carros esmagados por paredes, varandas que caíram, muitos vidros no chão.

“Sangue por toda a parte. Pessoas magoadas e a chorar. Pessoas indignadas. Pessoas correndo para salvar vidas, carregando feridos ao colo”, porque não havia ambulâncias ou viaturas particulares suficientes para acudir a todos.

© Mohamed Azakir | Reuters

Há seis anos que 2750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas, no hangar nº 12 do porto de Beirute. Sacos empilhados, e alguns deles esburacados, nas proximidades de combustíveis.

Ali ficaram desde Novembro de 2013, quando o comandante do navio moldavo Rhosus, fretado por um empresário russo endividado e residente em Chipre, abandonou a carga, depois de uma fábrica de explosivos em Moçambique se ter recusado a pagar a substância química que encomendara.

Todas as autoridades foram avisadas para o “perigo extremo” e a “ameaça à segurança das populações”, apurou uma investigação do diário The New York Times: “os responsáveis aduaneiros, três ministérios, o comandante do exército, pelo menos dois juízes e – semanas antes da explosão – o presidente e o primeiro-ministro”. Ninguém se preocupou. A tragédia tornou-se inevitável.

No dia 4 de Agosto, um incêndio acidental causou a explosão que uma equipa da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, estimou ter sido equivalente a 1000-1500 toneladas de TNT, ou seja, um décimo da intensidade da bomba nuclear lançada em Hiroxima (Japão) em 1945.

© Hassan Ammar | Associated Press

Contabilizaram-se 200 mortos, cerca de 6500 feridos e uns 300 mil (entre as quais 80 mil crianças) desalojados. Mais de 90 mil habitações ficaram destruídas, total ou parcialmente, assim como mais de uma centena de igrejas, capelas, conventos e escolas, segundo estimativas da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Muitos hospitais na área atingida sofreram danos estruturais, foram incapazes de acolher quem procurava socorro. Alguns pacientes perderam a vida. Os prejuízos num país já à beira do colapso económico calculam-se em milhares de milhões de dólares. A comunidade internacional prometeu auxílio.

“Vivi os últimos sete anos de uma guerra civil que durou 15 [de 1979 até 1990], e isto fez-me recordar a destruição do passado”, lamenta Roberto Khatlab, historiador, investigador e escritor. Quando as armas se calaram, a cidade foi renascendo, “mas agora um tsunami de ar tudo arrasou”.

As áreas mais atingidas foram Achrafieh, Saifi, Gemmaizé, Mar Mikhael, Sursock, Accaoui, Geitaoui, Quarrantaine, no sector oriental, predominantemente cristão, mas também uma parte do centro da capital, refere Khatlab. “Em Achrafieh, várias casas e até palacetes do século XIX tinham sido reconstruídos por famílias depois da guerra. O que demorou dez anos a pôr de pé, voltou a cair em apenas 5 minutos. Como um sopro.”

“As casas antigas, algumas de três andares, foram as mais danificadas. Caíram tectos e paredes, matando e ferindo moradores e transeuntes. Os edifícios mais modernos viram arrancadas vidraças e portas, transformando-se em esqueletos. No seu interior, também se encontraram muitos mortos e feridos.”

© Wael Hamzeh | EPA | The New York Times

Perto do porto, observa Khatlab, alguns dos imóveis antigos haviam sido transformados em bares, restaurantes e cafés. Antes da COVID-19, eram pontos de encontro que se enchiam de libaneses e estrangeiros, sobretudo a partir das 18:00. De certo modo, o isolamento imposto pela pandemia impediu um drama humano ainda maior.

“As ruas tinham tantos escombros que se tornaram irreconhecíveis.” Muitas pessoas tiveram de procurar abrigo junto de parentes e amigos, alguns fora de Beirute.

“Não olho para os que morreram como ‘mártires’, como aqui se costuma dizer para aliviar a dor da perda de entes queridos em atentados – eu vejo-os como vítimas, assassinados pela negligência de governantes, porque não escolheram morrer por uma causa”, vinca Khatlab, que há 60 anos nasceu em Maringá, no estado brasileiro do Paraná, e há mais de 25 divide o tempo entre os países da sua dupla nacionalidade.

É também desolador o balanço feito pela Irmã Myri, que pertence à Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia, no Convento de São Tiago Mutilado, em Qara, na Síria.

“Há 50 mil apartamentos que precisam de ser restaurados – 12% estão totalmente destruídos, 25% com estragos graves (isto é, atingidos na sua estrutura) e os restantes necessitando entre 5000 e 500€” para serem reabilitados”, explica-me a religiosa portuguesa.

© Getty Images | Foreign Policy

“As instituições cristãs, os hospitais, as escolas ou os apartamentos sofreram uma destruição à volta dos 85%, num perímetro de 10 quilómetros. No interior, tudo ficou destruído e não pode ser utilizado.”

“A situação é extremamente difícil. Os libaneses têm sofrido muito desde o final do ano passado. Primeiro uma revolução [contra o sectarismo e a corrupção] paralisou o país.”

“Depois, veio a ruína e a falência dos bancos, assim como a depreciação da libra libanesa, o que fez com que os salários perdessem seis ou dez vezes o seu valor, enquanto os preços subiram em flecha 2 ou 3 vezes mais, mesmo em relação à moeda local.”

“A seguir veio o coronavírus e a explosão, activada por um incêndio, supostamente causado por uma operação de soldadura” no porto.

©Marwan Tahtah | AFP | Getty Images | The New York Times

A crise económica já estava a forçar muitas famílias a emigrar, indica a Irmã Myri, enfatizando: “Agora, são os jovens que deixam o país. Ficarão somente os idosos. A presença cristã no Médio Oriente está seriamente em risco.”

Roberto Khatlab, que é também investigador no Centro de Estudos da Emigração Libanesa na Universidade de Notre Dame, em Beirute, confirma o desejo de fuga, mas acredita que muitos libaneses “não baixaram os braços, porque são resistentes, têm amor à vida e não aceitam desaparecer”.

A emigração é importante para o Líbano, mas ficaremos sem Líbano se continuar este êxodo”, realça Khatlab, citando o cristão Michel Chiha (1891-1954), considerado um dos pais da Constituição libanesa. “Há 4 milhões de habitantes no Líbano – uma estimativa, porque o último censo oficial data de 1932 – e cerca de 12 milhões na diáspora.”

“A emigração, graças às remessas de divisas, é uma forte componente da economia nacional. Muitos sobrevivem com o dinheiro que recebem de familiares, emigrantes da primeira geração, no Golfo Pérsico, na Austrália ou no Canadá.”

© AFP | The National

As vagas migratórias “aconteceram sempre durante e depois de catástrofes, guerras, conflitos, massacres”. A grande emigração, recorda o autor de obras como As Igrejas Orientais, Católicas e Ortodoxas: Tradições Vivas, começou nos anos 1860, quando uma rebelião de camponeses maronitas contra os senhores feudais drusos, no norte do Monte Líbano, culminou numa matança de 20 mil cristãos e na destruição de 380 aldeias e 560 igrejas.

“Refúgio para os perseguidos no Médio Oriente, principalmente depois do século VII, com o advento do Islão”, segundo a descrição de Khatlab, a verdade é que o Líbano, ainda antes de se tornar num Estado moderno, criado a partir da Síria do derrotado Império Otomano, em 1920, já era consumido por quezílias sectárias e uma ânsia de hegemonia identitária e política.

Foram as autoridades do Mandato Francês, interessadas em manter um “posto avançado” no Médio Oriente, que forçaram a coabitação de populações rivais sem vontade de convivência.

Os cristãos maronitas, por exemplo, desde o século XVI que ansiavam “criar uma ilha cristã num mar muçulmano” e com esse propósito em mente pediram ao Papa (que aceitou) adesão à Igreja Latina, na condição de continuarem a realizar os seus rituais religiosos na tradição oriental e na língua de Jesus.

Com a independência, em 1943, o Estado passou a ser administrado por um sistema confessional que se tem revelado pernicioso.

Os cristãos, conservadores e progressistas, praticantes e não praticantes, que até 1975 eram o maior grupo, e hoje constituem 30-40% da população, “têm sido os que mais emigram devido aos vários conflitos”, anota Khatlab, mencionando também uma baixa taxa de natalidade para a redução demográfica. Isso não os impede, todavia, de ter uma representação parlamentar igual à dos muçulmanos (50-50%).

© Anwar Amro | AFP | france24.com

O sistema que rege as 18 confissões religiosas do Líbano atribui a Presidência da República a um católico maronita e a chefia do Governo a um muçulmano sunita. O presidente do Parlamento é sempre um muçulmano xiita. Todos os restantes cargos políticos são também distribuídos segundo critérios comunitários.

Isto favorece “o clientelismo e a corrupção”, critica Roberto Khatlab, e é por essa razão que, desde 17 de Outubro de 2019, os libaneses – de todos os credos – protestam nas ruas, clamando por reformas e uma renovação da classe política.

Para Khatlab, a nova geração “não quer um governo teocrático, mas de tecnocratas”, demanda um governo que “não ofereça oportunidades só às elites”, porque são estas quem alimenta a “fuga de cérebros”. Mas ele interroga-se: “Onde encontrar tecnocratas que não estejam ligados a um partido, a uma comunidade religiosa?”

“O problema é que, no Líbano, há séculos que política e religião andam de mãos dadas. Todos os partidos são uma espécie de ‘tribos’. Quando se identifica um partido, logo se reconhece o chefe de uma família”, acrescenta Khatlab. “A liderança passa de pai para filho. É hereditária, haja ou não competência.” Aqui, “não há lugar para ateus” – os cidadãos têm no seu registo familiar o nome, o apelido e a religião, sejam ou não devotos.

A resolução de qualquer problema – um casamento (que é sempre religioso e nunca civil) ou uma herança, por exemplo – tem de obedecer aos estatutos da comunidade. Tudo isto contribuiu para que o país se tornasse, simultaneamente, “arcaico e moderno”.

© Diego Ibarra Sanchez | The New York Times

Formado em Filosofia, Teologia, História das Religiões e Arqueologia, Khatlab concorda com o grande escritor franco-libanês Amin Maalouf, que, quando inquirido pela revista Le Point sobre as razões que levaram “um país síntese entre o Oriente e o Ocidente” a mergulhar no caos social, político e económico, respondeu: “Entre os numerosos factores que desempenharam um papel nefasto, colocamos muitas vezes a ênfase no ambiente regional, que é, efectivamente, calamitoso. Mas se tivesse de apontar o dedo ao factor mais determinante (…), eu designaria, sem hesitar, o confessionalismo.”

“É a realidade”, comenta Khatlab. “Mas como mudar? Beirute divide-se em bairros. Toda a gente sabe onde estão os bairros cristãos e os bairros muçulmanos.”

“Diz-se que o leste é cristão e o oeste é muçulmano. A estrutura social gira à volta do confessionalismo. É diferente olhar para Beirute vivendo fora da cidade e vivendo dentro dela. As pessoas são classificadas segundo a sua confissão religiosa no momento em que nascem”.

Mais: desde o cessar-fogo de 1990, são os antigos “senhores da guerra” que continuam a governar o Líbano, recusando ceder o poder. E os partidos cristãos continuam divididos, o que reduz a sua influência.

Uns são aliados do Hezbollah xiita e do Irão, como a frente do presidente Michel Aoun; outros são parceiros de muçulmanos sunitas próximos da Arábia Saudita, como a frente de Samir Geagea [lê-se “Xamir Jájá”

© Associated Press | The National

O patriarca maronita defende que o Líbano deve “desligar-se desta política dos eixos” e que “a única solução” é o país “declarar-se neutro”. Roberto Khatlab admite que esta é uma prédica constante de Bechara Boutros al-Rahi, mas vê dificuldade na concretização da neutralidade.

“Como ser neutro numa pequena região com uma tão grande diversidade de povos, religiões, culturas e tradições? Será preciso educar o povo para esse compromisso.”

Para o historiador brasileiro-libanês, Beirute é um mosaico, agora estilhaçado pela explosão de 4 de Agosto, mas ele confia em que se “manterá reluzente, como escreveu a poeta Nadia Tueni (1935-1983): Beirute é o último santuário no Oriente, onde o homem se pode sempre vestir de luz/ Beirute, mil vezes morta, mil vezes renascida/ Beirute, em cada casa reside uma ideia.”

* Título adaptado de “A Game of Swallows: To Die, To Leave, To Return” (Um Jogo de Andorinhas: Morrer, Viver, Regressar), livro de banda desenhada em que a libanesa Zeina Abirached conta as suas memórias da guerra civil de 1975-1990

As Igrejas e Comunidades do Líbano
© mountainsoftravelphotos.com

Das 18 confissões religiosas existentes e reconhecidas oficialmente no “País do Cedro”, um território de pouco mais de 4 milhões de habitantes, 12 são cristãs, totalizando cerca de 1,6 milhões de fiéis, segundo o CIA WorldFactbook

Maronita

  • Fundada pelo eremita São Maron, no século IV, na Síria, a Igreja Maronita recusou seguir o rito bizantino e, no século V, instalou-se no Monte Líbano, onde hoje é predominante. É a única igreja oriental no Médio Oriente que não tem uma homóloga ortodoxa. A comunidade está fortemente implantada na área que se estende do norte de Beirute até Zghorta, misturando-se com os drusos na periferia leste e sul da capital libanesa, com os ortodoxos gregos em Zghorta e Baabda e com os xiitas nas imediações de Jezzine.
  • Doutrina: Católica.
  • Língua de oração e de liturgia: Grego e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Católico-Grego de Antioquia e Jerusalém (Damasco) e Igreja Católica Romana.

Ortodoxa Grega

  • Esta comunidade concentra-se nas regiões de Zgorta e Baabda, com uma grande implantação nas principais cidades litorais (Trípoli e Beirute). Também está presente no Monte Líbano central, ao lado dos maronitas e dos drusos, no sul do país e no extremo norte (Akkar).
  • Doutrina: Ortodoxa, a dos primeiros concílios. Distingue-se da Igreja de Roma, da qual se separou em 1054, em alguns dogmas.
  • Língua de oração e de liturgia: Grego e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Ortodoxo de Antioquia e de todo o Oriente (Damasco-Síria) e Patriarcado Ecuménico (Istambul).

Católica Grega (Melquita)

  • Oriunda da Igreja Ortodoxa Grega e desde 1724 unida a Roma, esta comunidade concentra-se nas cidades de Zahlé, Sídon e Tiro, com uma pequena presença em Beirute. Nos meios rurais, espalha-se pelo sul do Monte Líbano, em redor de Jezzine, e pelo norte do Vale de Bekaa.
  • Doutrina: Católica.
  • Língua de oração e de liturgia: Grego e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Católico-Grego de Antioquia e Jerusalém (Damasco) e Igreja Católica Romana.

Ortodoxa Arménia (Gregoriana)

  • Uma comunidade na sua maioria proveniente da Anatólia, de onde fugiu após um genocídio cometido por turcos otomanos finda a I Guerra Mundial, concentra-se em Beirute e na região central do Vale de Bekaa.
  • Doutrina: Ortodoxa monofisita, anterior ao Concílio de Calcedónia de 451 d.C., o qual definiu, dogmaticamente, que Cristo tem duas naturezas: divina e e humana; desta comunidade emergiu outra evangélica arménia.
  • Língua de oração e de liturgia: Arménio.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado da Cilícia, no Líbano.

Católica Arménia

  • Uma comunidade que nasceu da Igreja Arménia Ortodoxa e é também ela proveniente da Anatólia, concentrando-se em Beirute e na região central do Vale de Bekaa.
  • Doutrina: Católica.
  • Língua de oração e de liturgia: Arménio.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Católico Arménio da Cilícia (Beirute e Bzoumar-Líbano) e Igreja Católica Romana.
© Hussein Malla | AP | Al Jazeera

Ortodoxa Siríaca (Jacobita)

  • Doutrina: Ortodoxa monofisita (não reconhece que Cristo tem duas naturezas, uma humana e outra divina).
  • Língua de oração e de liturgia: Aramaico e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Siríaco Ortodoxo de Antioquia e de Todo o Oriente (Damasco-Síria).

Católica Siríaca

  • Originária da Igreja Ortodoxa Siríaca. Está ligada a Roma desse 1797.
  • Doutrina: Católica.
  • Língua de oração e de liturgia: Aramaico e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Siríaco Católico de Antioquia (Beirute e Charfé-Líbano) e Igreja Católica Romana.

Assíria (Nestoriana)

  • Igreja que remonta ao século V, quando Nestor, o patriarca de Constantinopla, reconheceu duas naturezas em Cristo, divina e humana. Em 431, o Concílio de Éfeso condena este parecer, mas a Igreja do Oriente acabará por o adoptar, daí o nome de Igreja Nestoriana.
  • Doutrina: Monofisita.
  • Língua de oração e de liturgia: Aramaico oriental.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Assírio da Babilónia ou Patriarca da Antiga Igreja do Oriente (Bagdad-Iraque).
Associated Press | The National

Caldeia

  • Nascida de um cisma entre os Nestorianos, esta Igreja está ligada a Roma desde 1681.
  • Língua de oração e de liturgia: Aramaico oriental e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado Caldeu Católico da Babilónia (Bagdad, Iraque) e Igreja Católica Romana.

Coptas

  • Igreja fundada no Egipto pelo apóstolo São Marcos no século I (por volta do ano 42), separou-se da Igreja Ortodoxa do Oriente durante o Concílio de Calcedónia em 451. Embora esta Igreja tenha cerca de dez milhões de fiéis por todo o mundo, a comunidade no Líbano (3000-4000) é pequena e só foi reconhecida em 1995, ano em que foi inaugurado o seu primeiro templo, em Beirute. A construção começara em 1970, mas foi interrompida pela guerra civil de 1975-1990.
  • Doutrina: Rito Alexandrino.
  • Língua de oração e de liturgia: Copta (derivada da língua oral dos faraós e escrita em letras gregas) e Árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Patriarcado de Alexandria e de Todo o Egipto (Cairo).

Protestante

  • Uma comunidade que inclui Evangélicos, Luteranos, Adventistas do Sétimo Dia, Anglicanos e outros.
  • Doutrina: Protestante.
  • Língua de oração e de liturgia: Árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Agrupa 12 igrejas oficialmente reconhecidas em Beirute e em Damasco.

Latina

  • Igreja Católica Apostólica Romana, constituída pelos católicos de rito latino dependentes da Santa Sé.
  • Doutrina: Católica.
  • Língua de oração e de liturgia: Latim e árabe.
  • Filiação regional e/ou internacional: Núncio apostólico da Igreja Católica Romana (Harissa-Líbano).

Fontes:

A History of the Arab Peoples, Albert Hourani; Communautés Religieuses et Système Politique au Liban, Nabil Maamari, Université Saint Joseph, Beirute; Conflits et Identités au Moyen-Orient (1919-1991), Georges Corm; Éducation et mobilité social dans la société multicommunautaire du Liban, Boutros Labaki, CAIRN-Info, nº 66, 2008; Les Chrétiens d’Orient: La formation des différentes églises, Florian Besson, Les Clés du Moyen-Orient ; Le Liban: géographie d’un Etat multiconfessionnel, Hervé Amiot, Les Clés du Moyen-Orient; Religiões no Oriente Médio: Árabes Cristãos do Líbano, Roberto Khatlab,  CAMINHOS, Goiânia, Vol.15, Jan-Jun 2017; Retrato do Cristianismo no Líbano, Vítor Teixeira, Universidade Católica Portuguesa United Press International (UPI

Libanês-brasileiro, Roberto Khatlab é director do Centro de Estudos e Culturas da América Latina na Université Saint-Esprit de Kaslik (instituição privada católica maronita)

Estes artigos foram publicados originalmente na revista ALÉM-MAR, edição de Outubro de 2020 | These articles were originally published in the Portuguese news magazine ALÉM-MAR, October 2020 edition

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